Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, vamos assinalar?
“Quando perdemos o direito de ser
diferentes, perdemos o privilégio de sermos livres”
Charles Evans Hughs
O Dia Internacional
das Pessoas com Deficiência foi proclamado através da Resolução 47/3 da assembleia
geral das Nações Unidas de 18 de dezembro de 1992, assinalando-se desde então, no
dia 3 de dezembro, um pouco por todo o mundo.
Passados 30 anos
poder-se-á questionar acerca da pertinência de o continuar a assinalar. Para
responder a esta questão, nada melhor do que (tentar) colocarmo-nos no lugar de
uma pessoa, por exemplo, invisual, surda ou paraplégica que precisa de ir às
compras ou de se deslocar a um serviço, público ou privado. Mas poderemos
também (tentar) colocarmo-nos no lugar de um pai ou de uma mãe com 70 ou mais
anos com um, dois, ou até mesmo três filhos/as, com deficiência, por exemplo,
intelectual que não conseguirão, sozinhos/as, gerir o dinheiro, garantir a sua
alimentação e higiene diárias, enfim cuidar da sua existência com dignidade.
Posto desta forma a resposta fica clara, e sim, justifica-se continuar a
assinalar este dia.
Verdade seja dita que
muito se tem feito no domínio da inclusão das pessoas com deficiência,
nomeadamente na área legislativa que tem vindo a mitigar as desvantagens com
que as pessoas com deficiência se deparam, nomeadamente na mobilidade e
acessibilidade a edifícios, serviços e recursos comunitários (incluindo-se aqui
o acesso, por exemplo, ao emprego e formação). Mas verdade também que a
evolução legislativa tem caminhado mais rapidamente que a evolução das práticas
e ações concretas para com esta população. Parafraseando o ditado popular de
que quem não é visto não é lembrado, parte desta população continua invisível
numa sociedade que apela crescentemente ao perfeito. Nunca será demais
proclamar, e este deve ser um dos dias para o efeito, a riqueza que advém da
diversidade e da diferença e o papel que todos e todas nós desempenhamos, ou
podemos desempenhar, para a construção de uma sociedade onde todas as pessoas,
independentemente das suas especificidades, visíveis ou não, podem viver em
equidade. Não questionando que se vê bem com o coração, o essencial (também)
nem sempre é invisível aos olhos!
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