A Educação de Infância em Tempos de Pandemia





A educação de infância, valorizada por todos os que lhe veem algo que falta ao ensino pela vida fora, espaço e tempo por excelência dos afetos, viu-se abruptamente interrompida por uma presença invisível e assustadora…e agora?
As portas fecharam e muitos eram os medos e incertezas de Instituições, mães/pais, profissionais de infância, sociedade em geral, e agora que se anuncia a abertura e, sendo suposto a tempestade ter passado, eis-nos perante a dura realidade de uma permanência teimosa e difícil, de algo nunca antes vivido ou imaginado.
Em isolamento, desenvolveram-se estratégias, enfrentou-se para muitas pessoas, o desafio maior de não cair na tentação de trabalhos do tipo escolar sem fim à vista, das fichas, de um modelo transmissivo passivo, que, no meu entendimento, não fazem parte da educação de infância e não seria agora que deveriam passar a fazê-lo.
 Reinventaram-se os/as profissionais de educação, na sua entrega diária, para criar pontes com as famílias, colmatar a falta dos contatos e alimentar os corações, mantendo o vínculo neste período de distanciamento.
A nós, mediadoras/es de aprendizagens, aparecem agora grandes novos desafios para que continuemos a permitir a cada criança protagonismo na sua própria aprendizagem. Reencontraremos, bem como as nossas crianças, os/as pares em condições estranhas num momento singular das vidas de todos/as nós.
Vamos desistir? Não podemos e não queremos! Assusta, sim, um pouco.
O primeiro passo será talvez preconizar, em parceria com todas as entidades envolvidas, que estarão reunidas todas as condições de segurança do ponto de vista de saúde pública para as crianças, famílias e agentes educativos. Esperámos o tempo suficiente? Não sei?!
É urgente reatar as linguagens do coração e, mesmo sabendo da dificuldade em generalizar regras comuns a todos/as, que possamos salvaguardar sobretudo a diversidade dos contextos.
Haverá muito conforto a dar, cuidar dos sentires adormecidos por esta paragem reaprendendo até o mais essencial, as lágrimas vão teimar em cair e será preciso colo para as enxugar.
A qualidade dos serviços prestados no CASCI, aliada às orientações inerentes à segurança irão ajustar procedimentos, a par com a gestão das emoções que aparecem em grande plano quer para crianças e adultas/os, hoje mais que nunca.

Certezas:

 - Só as de que precisamos uns/umas dos/as outros/as.
- Que somos todos/as iguais na diferença.
 - Que a solidariedade fala mais alto.
 - Que afinal temos todo o tempo do mundo.

- Que com cuidado precisamos redescobrir a vida, um dia de cada vez.

Por Rosa Roldão
Centro de Infância de Ílhavo

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