Gostas de crianças, não gostas?
Muitas vezes me perguntam
o porquê de ter escolhido Educadora de Infância como profissão. Normalmente,
esta pergunta vem seguida de outra: "Gostas de crianças, não
gostas?". E sim... gosto. Geralmente, fico-me por aqui, porque daria um
livro tudo o que me apaixona. Gostar de crianças é demasiado redutor e é
preciso muito mais. Mas posso começar aí mesmo.
Lembro-me de, em pequena, numa daquelas redações
que se fazem na escola primária, escrever que quando fosse grande queria ser Educadora.
Nessa altura, não tinha nenhuma referência de alguém que o fosse, por isso não
tenho explicação para este desejo. Sei que, com o passar dos anos, esta ideia
foi ganhando força. Havia algo nas crianças que me cativava e não era por serem
"fofinhas". Na verdade, eu via-as como pessoas de direito próprio,
tal como eu e tu que lês este texto. E cativava-me também o facto de eu poder
ter o privilégio de interferir naquilo que aquelas pessoas pequeninas se iam
tornar um dia.
Sei, por experiência própria, que quem por
nós passa nos pode influenciar tremendamente, para o bem e para o mal. E se eu,
"pequenina" neste mundo imenso, fizer a diferença, já valeu a pena.
Hoje em dia, depois de um curso, de quase
quinze anos de experiência e de imensas ideias desconstruídas, nada mudou.
Estas (grandes) pessoas baixinhas continuam a apaixonar-me, a surpreender-me com
a sua inteligência, capacidade de amar, vontade de saber e viver. Tudo aquilo
que nós, pessoas grandes, ambicionamos tanto. A mim resta-me "apenas"
ajudá-las a serem sempre assim.
Ana Sousa
Educadora de Infância
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