Longevidade e qualidade de vida
O envelhecimento populacional traduz-se,
atualmente, num fenómeno social com grandes impactos na sociedade. Os conceitos
de esperança média de vida e de longevidade estão cada vez mais presentes, e se,
por um lado, estes conceitos são sinónimos de conquista, por outro, representam
um grande desafio, provocando mudanças estruturais, institucionais e
ideológicas. Por este motivo, existe um aumento na procura por parte das
famílias de instituições que prestem cuidados centrados na pessoa idosa. Por
sua vez, é exigida a estas instituições mais eficácia e eficiência na prestação
de cuidados.
Por outro lado, devido aos progressos
tecnológicos, sociais e da saúde, esta longevidade nem sempre significa
qualidade de vida, pois existe um aumento de fragilidade, comorbilidades,
dependência funcional e declínio cognitivo. É também evidente, nas últimas
décadas, um aumento de doenças avançadas (doença sem possibilidade de cura).
Tendo isto em conta, para além da abordagem geriátrica genérica, torna-se cada
vez mais essencial a necessidade do reforço da prestação de ações paliativas.
Fala-se em intervenções básicas no âmbito
dos cuidados paliativos, quando se coloca o principal foco de atuação o
conforto e bem-estar: uma abordagem centrada na pessoa, que privilegia, mais do
que o tempo de vida, a qualidade desse tempo. Este tipo de ações implica
múltiplos parâmetros: controlo de sintomas (falta de ar, dor, delirium,
cansaço, …), discussão precoce e antecipada de planos de cuidados, visão
holística da pessoa considerando as várias dimensões (física, social,
espiritual e cultural), apoio à família. Deste modo, a intervenção centrada no
conforto aumenta a qualidade de vida, podendo ter consequências positivas na
esperança de vida
Ainda que a abordagem paliativa já seja
praticada em algumas ERPIs (Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas),
existe seguramente espaço de melhoria, havendo necessidade de trabalhar de
forma articulada e em rede, entre recursos de vários níveis, da área da saúde e
social. Tal pressupõe formação nesta área às equipas que prestam este tipo de
cuidados, de forma a assegurar uma morte digna. Assim, é necessário
sensibilizar a sociedade e as equipas de ERPIs para uma abordagem paliativa, de
forma a promover a qualidade de vida das pessoas idosas.
Beatriz Berbigão
Enfermeira
Referências
Pazes, C., Galvão, C., Neto, I. G., & Marques, L. (9 de Setembro de
2020). Acções Paliativas em ERPIs: uma aposta imprescindível. Obtido
de Ordem dos Médicos: https://ordemdosmedicos.pt/accoes-paliativas-em-erpis-uma-aposta-imprescindivel/
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